terça-feira, 25 de novembro de 2008

Semente...

Você falou dos meus medos. Bateu com força e sem olhar o que acertava.
E eu sou uma garotinha que ainda se esconde atrás das pernas da mãe, sempre desconfiando do futuro que bate na porta a frente dela.
Uma garotinha.... E crescer pode ser muito perigoso, poderia eu ganhar curvas fatais?
E ter objetivos sempre foi o plano, poderia mudar pelo menos o meu mundo?
Meus pensamentos agora me levam a um canto escuro e meus joelhos tremem.
Eu sou só uma garotinha, ouvindo um discurso de alguém que se acha gigante e mal aprendeu a andar com as próprias pernas.
Eu só uma garotinha, mas sou menos covarde que você.
Você é só um garotinho e não sabe nada do que está falando.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

E sempre.


Uma corrente de vento abranda o meu rosto, as ruas lá fora parecem renovadas. O céu, mais azul. Queria conter os sentimentos que me invadem neste momento. Tão sóbria e como nunca antes: tão feliz.
Você veio numa tarde comum, num dia sem graça. Despertou meu sorriso há tempos guardado em alguma fotografia de amigos.
Eu quis te ver, quis o toque das suas mãos, quis sentir os seus lábios nos meus. E nesta falta de hesitação, eu acordei esta manhã nos teus braços, num ar cheirando a flor, na sua pele cheirando paz.
Deixei-os por uns instantes para sentir o mundo ao menos uma vez ao meu favor, o silêncio daquela paisagem foi cortado pela voz do ‘nosso fruto’, abraçando-me as pernas.
A imaginação me rouba dias, às vezes a paz, mas quase sempre um sorriso.
Imaginar dias assim, imaginar a sobrevivência da minha esperança ligada a você.
Quando dei a minha vida para ti sabia que seria sem volta, mesmo que a vontade de mudar o futuro me revolvesse por dentro, toda a minha paz, minha alma de presente. E presente não se dá por pedidos, assim quis. Meus sonhos são seus. Estas ingenuidades bobas, suas. A razão por eu ainda respirar, é você.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Os Pulsos, Pro Final

Pensei que deslocar-me para outra direção daria ‘um jeito’, aliviaria por dentro.
Ledo engano, correr para onde a escuridão é mais aconchegante não faz enxergar melhor. Estou mais cega que nunca, perdida em sombras que não sei mais distinguir, onde estou, o que eu fiz?
Ou seria mais sensato perguntar o que eu não fiz? As coisas que deixei cair por terra e misturar-se a ao barro que impregnou a vontade de viver: tão frágil.
Vivo de sopros de alegria que mal batem à cara e já estão em retirada... O coração aperta sem doer. Aperta buscando algo mais que um vazio estirado aqui dentro, ocupando os espaços... não há alvos, não há planos, existe apenas um corpo cansado e uma mente sobrecarregada, quase inerte. E o que sobra são pensamentos negros, que maltratam a consciência do “é bonita e é bonita”, pode ser.... Poderia em outras épocas, onde verdade não fosse tão dolorida, onde aceitava-se tapar o sol com uma peneira numa boa, onde conseguia-se aceitar tudo como obra divina para um grande propósito. Cegueiras à parte, por que amadurecer tanto num espaço de tempo mínimo? Não houve tempo pra maiores ilusões, não consegui aceitar as pessoas como elas são, meus alvos de críticas constantes... sequer aceito o reflexo do espelho, tantas cobranças.
Sobreviver dói como uma ferida aberta, nem erva nem ampicilina, só o tempo que agravará a aparência, minará um pouco mais de fé e abundará o rancor.
Meu espírito vestiu-se de cinzas novamente, esta é mais uma fase caótica e não há lugar para você sentir pena não de quem não merece.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Aos bem intencionados, o meu muito obrigada.

Começaria poemizando.
É, poemizando. Humm um "L" ficaria bem colocado, ironicamente falando.
Mas prefiro vomitar mais uma vez, desabafo.
Quem és? O que questiona? O que comemoro, a boca que beijo, ou o choro que escondo?
Raio que te parta. Eu realmente não ando me importando mais.. Faz tempo.
Se cavei sete palmos abaixo do chão, ou se minha carne ficará sobre a terra: um prato cheio para urubus atrás de carniça, que assim seja.
Há algum tempo percebi que não consigo ser princesinha sem graça, como vocês conseguem.
E é. Eu não ficaria chocada no seu lugar.
Nada tem suficiente poder pra isso, pra me chocar.
Nada mais. O espelho me ensina todo dia a vestir couraça, não aquela. Mas uma impenetrável, e lembra-se do coração endurecido? O meu é manteiga derretida, mas eu escolho pelo que irá se desvanecer. Não pertenço a seus olhares de reprovação, as suas críticas e muito menos aos seus espantos. Porque infelizmente eu sou feliz assim. Deste jeitinho maldoso, na verdade e sinceridade: sem me importar me importando, entende?
Eu sei, eu sei de tudo.
Das conseqüências, não gaste seu português de botequim comigo, porque eu simplesmente já sei o que você vai falar.
Das surpresas, não arregale seus olhos, você já viu e ouviu grosseria maior.
Salve-se. E sem bla, bla, engole a língua, porque tagarelar é pecado.
E só desta vez: olha bem pro seu umbigo. Tem muito poste pra dar de cara por esta estrada, um impacto na cabeça pode colocar um bom senso na caixola, pense nisso. E obrigada.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Um corpo despenca seus cotovelos sobre a mesa, têm o peso de toneladas.
Caem com destino certo: causar dor, minando-a do coração.
Caem para fazer a cabeça acreditar em Deus, ao menos naquele instante, onde tudo em que a matemática pode provar, tornam-se apenas números sem lógica, naquele momento em que os ponteiros do relógio vestem-se elegantes de terno e gravata pretos e anunciam a fragilidade humana.
Os cotovelos sobre a mesa, as mãos unidas contra a testa, “creia”, peça licença e rogue, tire fé de onde nunca existiu. Peça que ela fique bem, que fique.
Por que Ele é sempre seu último recurso? Quantas vezes Ele ainda deixar-se-á ser? Quem é Ele pra você? Quem é você pra Ele? Por que O nega?
Lembra-se? “se você existir, eu peço que me ouça”, em prantos... A “graça” concedida e tudo volta a ser como antes. O deboche, o desdém. Deus de quem?

domingo, 13 de julho de 2008

...

Que o conforto venha antes que você chame por ele, que venha rápido.
Mesmo que a memória, posteriormente, lhe traia e as lágrimas venham na seqüência, regando as feridas, germinando a dor.
Uma vida que foi embora ou um rosto que deixou de nascer.
Sim, importa. Sim, faz diferença.
Vidas que se cruzavam e formaram um emaranhando sem pontas, com fios de aço. Não é só mais alguém, não é só mais um. É fôlego lançado no ar e logo em seguida de nós roubado. Fica um pulmão ofegando e nem o ar mais puro sabe ali chegar.
Até o corpo dizer chega, é hora de reagir. Reagir à falta de reação? A decisão seria fácil, se não fosse tola. Não reagir, pegar o mesmo barco, deixar as duas moedas sobre os olhos e descer rio abaixo. Se eles estivessem aqui, diriam: “viva por mim”, então viva por eles. Vá aos lugares, coma e satisfaça, mude algo, como se estivessem ao seu lado, observando... queriam que fosse assim? Daquele jeito, com aquele detalhe? Sorria com eles. Tenha força por eles. E quando você segurar nas mãos aquela roupa da cor preferida, chore, germine a dor e contenha-a com um sorriso. Você tem as melhores memórias, vivas, os flash’s mais brilhantes.
Estão vivos. Agora é com você, divida a vida, os melhores momentos.
Traia a memória primeiro, ensine-a o que ela deve lembrar.
Demora, mas dá certo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Mais um pensamento, em um espaço de tempo.

Uma criança desenha formas sem formas num papel imaginário.
É sua vida solta no ar. A boneca que não veio este Natal, o leite que não molhou o pão seco. Rabiscados no ar.
Agora vem a parte do desejo: que venha o vento rasgante. Levando as más lembranças. Trazendo um papel bem branquinho.... Um mar, um barquinho. Um infinito, ela longe. Um pontinho em um milhão, escondidinho.


segunda-feira, 30 de junho de 2008

Em resposta.



Eu sei que nem sempre vou acertar.
Posso me permitir isso.
Passar do ponto, dar o ponto ou encher o ar com o queimado.
Ao final da festa, os convidados sempre reclamam do bolo.
Fico eu contabilizando os gastos.

pretérito...mais que perfeito.

Hoje eu acordei assim. Com saudade.
Daquele avô que morreu dois anos depois que você nasceu.
Daquela boneca de plástico num cestinho azul, a única.
Lembrei das cores da rua na qual você morava, o chão de barro vermelho, o verde das plantações, o azul e branco da escola. Cores da sua rotina, ainda refletem hoje na minha retina.
Tão pequena, tão menina.
Lembrei, agora sem saudade, das tuas mãos destampando panelas, a preocupação com o arroz no fogo.
E aquele cigarro? Deixou um gosto ruim na boca, ainda o sinto hoje e não consegui mais chegar perto do gosto que quase te fez vomitar, melhor assim. Sem vícios.
As bananeiras ainda estão na mesma casa, disse mamãe.
Os gatos, provavelmente morreram. Assim como você morreu em algum lugar dentro de mim.
Ainda assim, fiquei com saudade. Saudade de olhar no espelho e ver você, pequena e magricela.
Saudade dos tempos de menina.
Saudade da Michelle, mas a pequenina.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sebastian

Quando não se respeita, perdem-se os créditos.
Ou será que se ganha?
Quem ousa desrespeitar?
Ora se não é meu amigo auto-suficiente do lado esquerdo do ring.
Sempre com seus pontos de interrogação ao fim de cada explicação.
Sempre apontando as intempéries alheias com os dedos tortos.
Voa um dente seu pelo ring: aquelas mentiras ditas pra ela.
“Única, linda, perfeita?” Acho que não. Elas também pensam assim.
Espere, espere. Tanto sangue no chão, todo seu?
Aquelas que com as quais você saiu. Aquelas tantas as quais você penetrou, tirando-lhe o mais precioso e em troca entregando-as um certificado em branco e um escarro.
Todas as quais traiu, toda a lágrima que as fez chorar. As mentiras que contou, tantas pra listar. O que você pode falar em sua defesa? Você respeita? Não há respeito quando não se sabe sequer o que ele é.
Como é? Instinto, impulso, impensado.
O perdão que você esfregou na toalha de um quarto qualquer, escorreu em alguma água pelo esgoto.
Dobre os joelhos, sacrifique-se, faça doações. Peça perdão.
E nunca se perdoe. Porque nunca será perdoado.
Em nome do pai? Amém.

domingo, 22 de junho de 2008


As chaves da minha prisão estão em suas mãos.
E estamos parados a um abismo.
Jogue-me. Segure-me, tranque-me ou prenda-me a você.
Mas garanta as chaves. Ate-as ao teu sangue, é a minha vida e a sua, em jogo.
Pois enquanto memória existir, eu estarei aí, e eu posso levar você lá pra baixo.
Prenda-nos, costure os seus sonhos nos meus.
Afinal, formamos bonitos retalhos.
E eu não estou caindo.
Não posso.
Minhas chaves ainda estão com você.
E você nunca cairá, não enquanto estiver comigo.
Mas estamos a passos do abismo.
E se eu quiser pular?
Que a linha dos retalhos seja forte.
Que as chaves tenham se perdido aí dentro.
Que um coração dependa do outro.
O meu depende. O meu é seu. Eis a minha prisão.
Eis o nosso abismo.
Você primeiro. Eu vou logo atrás. De cabeça. E vamos sobreviver.
E vamos viver. E estamos vivendo.
E eu? Eu te amo.

terça-feira, 17 de junho de 2008

É.

Escorreu ao canto da boca mais uma gota de veneno.
Agora as serpentes dos sonhos fazem sentido.
Mais uma maldade.
Sorriu abraçando-se por dentro, que sensação!
Os olhos fitaram um canto como quem procura um comparsa. E a falta de uma figura sólida não a fez diminuir o poder sentido.
Passava a língua pelos dentes, em movimentos provocantes.
Mexia no cabelo como se fossem plumas.
Dos olhos brotavam labaredas. A boca não parava de sorrir.
Os olhos queimavam mais. Conseguiu gargalhar.
O prazer que lhe enchia era único, duraram minutos.
Os olhos tornaram-se cinzas, um suspiro levou todo o fôlego dos risos.
O tédio encostou, precisava de mais.
Ah, a maldade tão fugaz...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Na verdade, a mais pura verdade?
É muito bom amar.
Parar o que está fazendo, apoiar os cotovelos na mesa e repousar a cabeça e pensar na ‘metade’.
Naquele sorriso. Naquela briga. Naquele beijo.
E é tão bom chegar pertinho das nuvens. E “borboletar” o estômago.
E é brega ouvir um monte de canção recheadas com frases piegas, como se fosse a coisa mais original do mundo. E o melhor delas é sentir o coração apontar a saudade num batimento, só de ouvir e lembrar.
“O amor é a coisa mais poderosa do mundo”, disse-me um amigo.
Ao questionar -lhe o porquê, ouvi um sincero e verdadeiro comentário: “porque deixa as pessoas idiotas” e uma (mais sincera ainda) gargalhada.
E não “é que é”?
Deixa. Enfeitiça. Enlouquece.
Este foi apenas pra lembrar-lhes que todos os dias, devem ser “dia dos namorados”, seja um perfeito idiota todos os dias e saiba o que é ser feliz de verdade.
Renda-se a ele, brinde ao amor, enlouqueça, pegue fogo, respire e viva.
“TIM-TIM”.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Cansando.


Poderia começar escrevendo contando-lhes sobre felicidades, sorrisos, cores e brilhos. Mas não. Estou mesmo é cansada. E nem sei de quê, de quem ou por que. Mas estou. Ando perseguindo minha própria sombra. Falando mesmo com meus botões. Alienação, é o estado atual. Novidades não me parecem novas, às vezes só aumenta a quantidade seja de um terremoto, seja de uma criança resgatada. E vou. E estou. E sou. Cansada; não há o que ler de novo, o que ver de diferente, como dito só mais ou menos. Cansa. Mais do Mesmo, meu caro Renato, cansa. Minha rebeldia está cansada, nem levanto meu pé pra chutar o ‘pau da barraca’, mudar o corpo, a cara ou os cabelos. Queria ver o mundo mudar. Queria ver as pessoas saberem me ignorar direito, pra ver se eu consigo não rir ou quem sabe dar de cara com meus desafetos porque não hesitaria em vomitar tudo o que penso deles ao vivo e a cores. Mas todo mundo é covarde, eu proponho um encontro, eu mexo meus pauzinhos para ele acontecer, e vejo as canelas se apressarem pra fuga. Cansa. Eu cerro meus punhos, mas não há ninguém pra bater. Lição number one: se entrar numa briga comigo, venha disposto a ganhar, porque eu não sei perder. E cansa. Agir sozinha, cansa. Brigar sozinha, cansa. Armar armadilhas e vê-los cair em calabouços, cansou-me. Então vou libertar-me, ou buscar novas desavenças, mas isto também cansa. Apaga a luz, fecha a porta. Deixe-me aqui quietinha, quentinha, caladinha. Porque enxergar tudo isso me cansa.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Clarice Lispector "me lê"

Creio que só volto a postar na próxima semana assim sendo, deixo um texto de Clarice para que reflitam. Não na pose de arrogante, nem na ‘chaminé humana’ (argh!) que a figura dela representa, mas nas palavras. Afinal ela consegue passar no papel o que demoramos vidas pra passar para os outros.Beijos!



Eis:

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector

Manda bem, não? ;)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Escolhas...

O céu brilha mais cedo esta manhã.
Escolhi flores naturais.
Poderia ter pedido as vermelhas, as rubras, as da paixão.
Mas daí lembraram-me que ficariam sem foco, perto do que sinto por você.
Poderia ter escolhido coloridas.
Mas daí lembraram-me que elas ficariam sem foco, perto da felicidade que ilumina minha face hoje, com você.
Quis as brancas. Os copos-de-leite, compridos. Era paz, paz pra equilibrar a paixão. Paz pra equilibrar a emoção. Paz pra aquele dia, prelúdio de muitos. Paz pra o amém. Paz para o sim. Paz para nós.
Escolhi os cabelos presos. Apenas pra que o rosto ficasse à mostra de tudo isso. Pra todos verem tudo.
Escolhi o tomara-que-caia, para apertar meu peito segurando o pulsar do meu coração, sem compasso.
Escolhi o vivo para pintar o rosto, apenas em símbolo deste dia.
Escolhi o branco. Escolhi a paz. Escolhi ficar com você.
E eu direi sim, e nós seremos pra sempre.
E céu brilhará mais cedo, todas as manhãs.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Por cima?

Fale-me mais sobre isso. Eis aqui meu divã.
Escorra a sua alma por ruas desgastadas pelo peso da multidão que assiste suas quedas, como eu. Fale-me mais. Ou tão somente, escreva. Cante aos quatro ventos, aos quatro cavaleiros, aos quatro cantos; cante como você é. Depois cantarei eu, liricamente e bem alto, como sou. Creio que as notas graves suas, com as minhas agudas não combinam.
E eu poderia ajudar você, se eu quisesse. Poderia com poucas palavras dizer o que precisa fazer para parar de dar errado. Mas não quero. To cantando pra quebrar sua vidraça. Você canta para ganhar compaixão de algum coração. Vamos. É... você não cabe aqui. O divã não foi projetado para acomodar um corpo tão auto-suficiente quanto o seu. Então, o projete você. Mostre a eles. Mostre-me. Mostre-se. Vai lá, arregace as mangas, chuta o pau da barraca, faça bem bonito.
Não espere aplausos.
Ouça sua voz ecoar por corredores conhecidos, seu próprio abismo, nosso hospício.
Que a loucura seja bem dita, que alguém mais sinta seus devaneios, como eu sinto. E sintam pena, porque eu não consigo.
Ah sim, o divã, aceita-o? Aceita um café, pra começar? Fique à vontade. A sua dor eu já sei de cor, mostre algo novo: humildade e fique á vontade. A minha vontade.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

...

‘Se tivessem combinado, não daria tão certo’, clichê.
Ela se foi, ele ficou, ela chegou.
Os cantos das bocas tremem.
Ela já se foi, não corre o risco de vê-los em flerte.
Mente. Ela está sentindo cada risada com lágrimas. Ela está sentindo cada coração pulsando rapidamente, como o seu apertado, sufocando.
Lá eles conversam sobre as novidades, o tempo que passou, o último telefonema.
Já longe ela relembra, sem saber por que a memória lhe trai. Estava doendo, mas o quê?
Não, não houve mais que palavras, não desta vez. Mas a reaproximação partiu-a; novamente um cristal quebrado. Novamente aços para juntar, estilhaçando por dentro, ferindo as mãos. Novamente nada será igual, ela nunca irá se recuperar. Ela não sabe mais o que é desculpar.
Ela não quer mais desculpar. Era cristal, virou aço cristalizado. Há fusão? Ela já não sabe responder, mudou as respostas, surgiram novos porquês.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Fique comigo.

Devo ter apagado por alguns instantes.
Por longos instantes.
O corpo parecia anestesiado por completo. Não sentia nada. Ouvia pouco e o que via era incerto.
Não entendia. As vozes diziam, mas eu não entendia.Vi rostos, que reconheci sem reconhecer, preocupados. Uma mão aflita segurava a minha, como que dando força, mas eu não sabia por quê. Não me lembrava de nada das últimas horas, o estado entorpecente me fizera esquecer das coisas ruins também, foi bom.
O quarto era branco, o silêncio era ensurdecedor. As pessoas, aflitas. Eu calma. Alucinadamente calma. Sedada, observando os movimentos como simples nuances, pessoas sem forma, cores indefinidas. Apaguei, o soro já estava no seu final, à mão aflita agora acariciava meus cabelos, eu ainda pensava estar num ‘sonho’. Era real. A sensação de buraco dentro do corpo, era real. Nada doía. Nada fazia chorar. E isso era apavorante. Não sei quem me levou. Não sei por que fui. Não sei como saí. A mão aflita que esteve comigo registrou cada maçaneta, cada papel, cada lágrima minha pela perda de uma semana de memória e me colocou a par de tudo, acariciando meu rosto, retirando-me do desespero.
Não pude esquecer do que me fez viver. Nunca poderei, nunca ousarei. Para você, eu prometo.
....apenas fique comigo, por todas as manhãs e noites, esteja comigo...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

o Amor, o Primeiro.

...
Amanheceu mais um dia na cortina sem cor, mas cheia de vida.
Rodopiava o quarto e cantava. Tirou dos pulmões a mais bela voz do mais belo canto no mais belo dia.
Entregou-se. Que venha a paixão, pintando o quarto de rosa e vermelho, transformando o chão em plumas leves, abrigando sorrisos em pensamentos tolos, veio!
Vestira o traje do romantismo. Maquiou-se da forma mais angelical que pôde, e foi.
Andou por ruas barulhentas de asfalto cinza e via pássaros, campo e flores.
A fumaça dos carros era brisa floral; os arranha-céus castelos encantados.
Nunca soubera de coisa parecida antes; e era bom.
Ninguém poderia tocá-la, ninguém poderia feri-la, só ele.
Só ele era tão poderoso naquele momento.
Ninguém ousou desfazer, nada mudaria o que estava vivendo.
Sua carruagem chegara, seu sapatinho de cristal estava nas mãos apropriadas, vestira-se de princesa. Foi ao encontro dele.
Seus olhos envoltos por magia cederam lugar à imagem dele, a barba por fazer, a camisa do time de futebol, tênis e calça jeans apertando a barriga.
E a imagem era outra, todos os dias.
Ele era príncipe, mas não sabia.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Fragmentando.

As articulações no pescoço estão funcionando bem.
O reflexo mais vivo que nunca, eu vi.
Subi os degraus tão rapidamente quanto seu olhar congelou-me e mudou de direção.
Você estava lá, eu também.
Ainda confrontei-lhe por alguns passos dados, passei por você que em estado de petrificação, não se voltou, não me olhou, não viu meu sorriso a chamar-te com saudade.
Quem sabe?
Talvez as linhas do tempo estejam mais apagadas agora.
E tanta coisa que nela escrevemos ficou ilegível, esquecemos o que éramos, despimo-nos.
Os trajes novos não combinam mais, quem sabe?
Talvez você, porque eu ... Não entendi e nada mais sei.
Só sei de saudades, saiba disso.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Eu fico o dia inteiro mergulhada em nada.
Perdão, não é em qualquer nada, mas sim no MEU nada.
Não produzo nada, nada leio, não sei de nada, nada faço.
E era tão bom não ser nada. Não enxergar nada. Nada dizer.
Era, posto que nada aconteceu.
E acontecendo nada, nada tem novidade, graça ou brilho.
Estou eu perdida no meio do nada, eis que ainda sou nada.
Nada se produz, nada sai do lugar.
E o mundo está nadando no meio do nada, mergulhado, afundando.
E eu estou sentada no meio do nada, observando nada acontecer.
Nada muda, nada mudo, nada mudamos.
Assim, nada mudará.

terça-feira, 29 de abril de 2008

....(riso incontido)
Meus pensamentos são agressivos, em ascensão à sabedoria eles brotam.
A rigidez me convém; cada qual no seu lugar, cada ponto no seu final.
Ambiciono o que julgo inalcançável, o resto está nas pontas dos meus dedos, é tudo frágil.
Antecipo fala, pensamentos e atos: o pouco me comove e o muito me anestesia. Imune.
Tenho vantagem aqui, sou tímida, timidissíma, timidona e no meu reservado eu conheço cada um, muito bem.
O que eu escrevo em lamúrias ou gracejos, só contabiliza quem entende e ‘Deus é mais’: são poucos, já que a maioria só entende os obtusos, sigo agradecendo.
Cão que ladra não morde? Aqui não, quase nunca....Antes de ladrar eu já mordi. E às vezes dói mais em mim... Muitas vezes dói mais em mim. Mas a vingança ‘é um prato que se come frio’, eu digo que prefiro bem quente de forma fria, entende? A competição me atrai. Fazer mais e melhor é sempre prazeroso e tudo volta pras pontas dos dedos.
É, Michelle é assim.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Uma história pra (não) contar, sobre eles.

Eu não quero.
Não quero ter que escolher entre você e a vida que tenho.
Eu não quero ter que olhar pra você e me despedir sem dizer o que está sufocando.
Eu não quero virar as costas com vontade de olhar pra trás.
Eu não quero a sensação de divisão, dentro de mim.
Eu não quero ver as suas lágrimas caírem, pra não ter que segurar as minhas novamente.
Eu não quero dormir tentando prever o amanhã, se você estará comigo ou não.
Eu não quero impor minhas condições, porque não espero que as aceite.
Eu não quero nos angustiar mais.
Eu não sei mudar o que sou, o que tenho e o que quero.
Eu não quero mudar.
Eu não quero o seu perdão porque, já disse, não espero que você entenda.
Quero apenas que saiba que um dia amei como desvairado que sou e quando eu amo, eu devoro todo o meu coração. Um dia quis abrir mão das coisas ‘estáveis’, mas o equilíbrio que ali encontro foi maior.
Quero apenas que saiba, que eu vi um futuro sim, mas já tinha o meu presente.
E uma centelha de fogo num monte de palha incendeia rápido. Eu, como palha, encantei-me com as tuas chamas e me queimei e queimamos juntos e o que sobrou de nós: cinzas. A fênix talvez ressurja, já eu diria que não posso contar com isso. Então, não conte.
Eu não quero perder seu brilho de vista, mas também não quero roubá-lo só pra mim.
Histórias são lindas pra aqueles que sabem como fazê-las dar certo, entende?
Eu não quero dividir-me, eu não quero te partir em mil outra vez.
------ A você, minha querida. E a você, meu amigo.-------

Analiso.

Enquanto existir retina movimentando os olhos: viverei de observar.
Medindo cada minucioso detalhe seu, dela, dele, deles, das pessoas.
Interessam-me os gostos, as dúvidas, os disparates. É o meu momento, é a minha arte.
Analisar. Prestar atenção ao que são e ao que serão comigo.
É o meu conceito que te trará ou te levará embora daqui, de mim.
Paro pra ver suas delicadezas, vulgo: fraquezas.
Paro pra ver seus traços rústicos, vulgo: vitórias.
Até onde sei? Até onde poderei chegar? Até onde irei contigo?
Perguntas que eu faço e eu mesma respondo, analisando você.
Não me peça o contrário, porque significaria fechar os olhos para ângulos perfeitos e para cantos obscuros que só saberei se cutucar, chacoalhar até ver cair pra todo mundo observar quem é você.
E então estaremos frente à frente, finalmente. Em uma mão entrego meus fragmentos. Em outra recebo os teus. Juntos formam algo? Ou serão estes pedaços sem possibilidades de encaixe?
Não se sabe. Só mesmo analisando o que nos é comum e tentar juntar depois.
Entenda. É meu jeito de ver no que vai dar, se dará.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Amizade?

Perda de tempo. As tardes perdidas confessando minhas paixões, serviram-lhe de risos.
Eu nunca me esquecerei de como as roubou para você, mesmo em nada se aproximando daquilo que realmente desejava.
Perda de tempo. Servia-lhe de companhia nos dias em que o telefone não tocava, naqueles que ninguém apareceria. E hoje ainda é assim. Aqui o telefone só toca quando não sobrou ninguém para chamar, quando todos os dedos estão ocupados para opinar.
Perda de tempo. Sua omissão, não apontar algo fora do lugar, chamar o mais próximo e debochar. Quantas vezes.....
Perda de tempo. Em alusão aos velhos tempos: vergonhoso! Apontar o dedo para tudo e todos e olha só o que fez, faz e segue fazendo? Minha ‘perfeitinha’, patético!
Você não é nada disso. Nada do que pensa, pensam ou pensei.
Cansa-me o narcisismo alheio, tanto mais o teu. Detalhes de anjo em coração de dragão não significam beleza nem nobreza, majestade.
Você está fadada aos julgamentos que fez, ao destino que tanto evitou. Sim, todos lembrarão de você, mas estes mesmos terão inúmeras falhas pra assinalar na lista dos ‘melhores momentos’, eis a minha.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Grande Escola.

Todas as vezes que prendi a respiração ofegante, tentei amenizar as mãos trêmulas, parei para ouvir meu coração descompassado dizendo pra se acalmar, pra finalmente dizer um simples ‘oi’, eu falhei.
Nunca soube começar uma amizade. Nunca. Na aula, quando tinha alguma pergunta quanto à matéria, torcia para que alguém tivesse a mesma dúvida e levantasse o dedo por mim. Ah o dedo, pesava quilos só de pensar em levantá-lo, apenas pra não correr o risco de alguém achar a tal dúvida digna de acefalia, e crônica, quando não era, quando praticamente toda a sala tinha a mesma dúvida. Sempre fiquei com o pé atrás.. Sempre solidifiquei minhas reservas, sempre chorei escondido.
Quando alguém se aproximava, geralmente a menina mais popular da sala ou o garoto L – I – N – D - O que não se conformava por eu não dar ‘bola’ pra ele quando todas as outras viviam a suspirar-lhe, estes se tornavam meus melhores amigos.
A garota ‘superpopular’ descobria aqui o cúmulo da sinceridade que abrigo, confidenciava sobre tudo e todos e tinha cá a personificação do “eu não ouvi, vi ou falei”, podia confiar, podia contar comigo, sempre. Falávamos sobre tudo, todos, dividíamos tudo, riamos ou ficávamos tristes sem uma precisar contar para a outra o que acontecera para tanto, isso deve ter um nome, mas naqueles tempos para mim era: não estou só.
O garoto, o lindo, dava com a porta na cara, achando que ao retribuir um ‘oi’, já tinha me ganhado. Duras penas, foras e perdas, passou na minha mão, já que difícil era e ainda é meu sobrenome. Ele, vencido pelo cansaço de não ter mais como tentar convencer-me, admitiu que sim, eu era diferente das demais, sempre fui, sempre serei...obteve assim minha amizade, soube colocar-se em seu lugar, respeitar, dignificar, defender, e causar raiva em todos os demais exemplares femininos da sala, aí eu gostei, aí ele tornara-se humilde, eu gostei de verdade e eu o tinha, mesmo sem um único beijo existia fidelidade a mim, os olhos eram para mim, mas já se tornara um melhor amigo e eu não queria ficar só, por mudar isso.
Conto aqui também dos demais, dos não verdadeiros, dos em abundância, do resto. Quando eu tinha ao meu lado a garota mais ‘mais’ e o garoto mais bonito, tinha todos muito bem interessados nos meus passos, no que dizia. Então eu estava só. Porque quem garantia tanta ‘fama’ eram eles, a garota vestida de Lilica Ripilica e o garoto com gel no cabelo. Eu era só uma CDF das melhores, sempre certinha, sempre bem arrumada, sem palavrões, sem maus modos, sem matar aula, delicada, a do sorriso lindo, a discreta. Era o que a ripilica e o gelzinho sempre quiseram, e os comuns sempre evitaram.
Hoje, todas as vezes que prendo a respiração, aperto as mãos, cerro os dentes, sinto a veia na cabeça latejar, é pra fugir da multidão. Para estar só. Para ter apenas os verdadeiros cá comigo. Aprendi a gostar também dos mais exóticos, os pirados, os diferentes, os descartados, os sós, como eu era. Porque, você pode compartilhar risadas com muitos, poucos ali saberão do que você realmente ri, se é que está mesmo rindo. Finalizo em glória... Porque aprendi com o meu silêncio a ouvir as vozes de todos os demais mesmo daqueles que gritam sem nada falar, eu os decodifico, eu sei cada ponto fraco.
Deveras, quando você é destinada a observar, você aprende o que deve falar e com quem. E eu tenho pilhas de lições de casa, muito bem feitas, sobre muitos.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Real.

Me pasma a fragilidade do ser humano, leia-se: vida.
Recebi a poucos minutos deste escrito um ex-funcionário, que adentrou minha sala, levado pelos braços. Antes de pensar em perguntar, ensinei meus olhos a observarem. E vi: ele emagreceu quilos e não foram poucos. O motivo dos braços que o levavam: está perdendo a visão. Não conseguiu enxergar a linha para a assinatura, que saiu ‘voando’, no papel. Está perdendo os movimentos. Não foi doença nem acidente, foi outra vida. Um desentendimento. Frágeis, ambas, as vidas. Uma vida por não conseguir equilíbrio suficiente para perdoar ou resolver um impasse. Outra por ser carne, mortal, passível de ser penetrada no ponto mais frágil do corpo, por uma bala.
A primeira, sumiu, fugiu, frágil. A outra depende agora de outros que a carregue para hospitais, filas, outros aglomerados de vidas frágeis.
Eu, enquanto vida frágil: escrevo e me parto em lágrimas.
Fico aqui com os olhos secos mas inchados, frágeis. Eu sou frágil.

É assim

Não me agrada a idéia de ser uma princesa cerrada num castelo no mundo do nada, no meio de lugar nenhum.
Deixestá. Vestidos bufantes, a cara sempre igual, os cabelos sempre longos e bem penteados. Livrai-me Deus!
Ah sim, porque ninguém tira o valor de ter como mudar, de não se prender a lugar algum. De acordar com a cara gostosamente amassada, parecendo um personagem de história de terror. Bom é por roupa pra ousar. Comer chocolate, encher a cara de espinha, engordar. Ter TPM, botar tudo pra fora e quem sabe depois, chorar.
Comédia de tragédia é a vida.
Tragédia? Óbvio, falo agora do príncipe.
Ah sim, ele existe e não canta nada bem, como sapo coaxando garantiria um bom lugar.
Ao contrário dos contos, ele não enfrenta, e sim foge o tempo inteiro dos ‘dragões’, se é que você me entende. Entre dragões, fada madrinha e lobo mau, ele vira o pescoço vez em quando pra uma vilãzinha da história. Mas sabe bem que se pisar lá, toma chute daqui. Pois é, nada que um bom chute não resolva.
Que Amélia, que nada. A princesa aqui é mais Fiona: caratê e tudo mais.
Porque conto de fada é bonitinho, mas a realidade é avassaladora.
Pro bem e quando ta monótono, pro mal.....deixando tudo melhor. Tudo anarquista. Tudo mais gostoso e bem mais prático.
Porque me agrada mais ser uma rebelde sem causa, do que uma princesinha mimada.

by: Ozzy



Há lugares dos quais vou me lembrar por toda a minha vida,
embora alguns tenham mudado
Alguns para sempre, e não para melhor
Alguns se foram e outros permanecem
Todos esses lugares tiveram seus momentos
Com amores e amigos, dos quais ainda posso me lembrar
Alguns estão mortos e outros estão vivendo
Em minha vida, já amei todos eles
Mas de todos esses amigos e amores
Não há ninguém que se compare a você
E essas memórias perdem o sentido
Quando eu penso em amor como uma coisa nova
Embora eu saiba que eu nunca vou perder o afeto
por pessoas e coisas que vieram antes,
Eu sei que com freqüência eu vou parar e pensar nelas
Em minha vida, eu amo mais a você
Em minha vida...
Eu amo mais a você.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Fernando.

Não tenho palavras pra explicar.
Sequer alguma que possa dizer.
Repito apenas: só você.
Não há quem possa igualar, nem definir-lhe ou confundir-me.
É engraçado tentar passar para a tela, o que o coração não decifra.
Apenas sente.
É você aqui dentro, quando eu fecho os olhos pra aliviar a dor, é você quem vem senta ao meu lado, me abraça e me deixa chorar sem perguntar nada.
E eu preciso tanto. Tantas vezes.
É você.
Minha razão, minha consciência, todos os meus motivos.
Você.
Minha paz, morada, luz, caminho, minha solidão, multidão.
Você
Tormenta, chama, pele, cheiro, paixão, fogo, explosão.
Você.
Sonho, devaneio, loucura, alucinação.
Você.
Campo florido, céu azul, dia de sol, mar aberto, verão.
Você.
Paisagem seca, nuvens cinzentas, chuva, tempestades, tornados, raios.
Você.
É a mão que vem, me toma, me acalma, me embala.
A voz que encoraja, que me eleva, que acalenta.
É o olhar que convida, que chora junto, que brilha mais.
É a boca que sempre sorri, que me beija.
Os Braços que afagam, apertam, consolam.
Pernas que conduzem, percorrem e salvam.
Corpo, presença, calor, seria eu? Perdida em você, estou.
Você é meu tudo.Sem você, eu não sou nada.

Um diálogo.

To pensando em escrever,
‘Me gusta’ este momento.
Já cometi uns seis ‘assassinatos’, em pensamento.
Não espere sair da lista daqueles que me tiram à razão.
Hoje chove fino e o frio bate a porta. Gela o meu coração.
Não me diga que a razão sempre me é tirada, quando não a tenho.
Porque desconheço dias assim. Ô mortal, és tão diferente de mim.
Aqui não se clama, porque não há quem ouça. Nos dias em que estou assim.
Anarquia é o meu nome, o sobrenome também o é, ah sim. Quando você grita você reforça, quando você escreve você treme.
A indiferença não te faz melhor, você pisa no mesmo chão que os demais, pobres, pobres mortais. O tempo não interfere, o vento apaga as pegadas e você nunca se sobressai. Os sofrimentos que tu conheces nada mais são que meros ‘ais’, a dor que aqui descrevo é mais, não descansa, jamais.
Que poder tu tens? Minha mente pode mais. Quem leva almas pelas mãos, sim, repito: pode muito mais. Carrego histórias que não servem pra dormir, conheço as tuas, tua alma está presa aqui.
Acredite, a sua diversão é a minha. Vamos ver quem ri mais?
A esta altura que coração há? Apenas o teu que mantém o compasso fraco pra eu não escutar.
Aprenda, sem fim e começo sou eu quando gosto de um espaço de tempo, registrado ao vento, onde te enfrento e você nunca consegue me vencer.
Já cometi mais um ‘assassinato’, neste momento.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Peculiarmente. (sim boa parte do texto está no modo PASSADO)


Você nunca me ouvira falar palavrões.
Decorrido tanto tempo nunca se acostumará com alguém que fale.
Você nunca me vira embriagada.
E até as risadas embaladas pelo álcool causarão repulsa.
Você nunca me vira aceitar o mundo como ele é.
E o que as pessoas farão em nome do ‘normal’ inquietará seus olhos.
Você nunca me vira esconder o que sinto.
E a falsidade das pessoas te causará saudades, minhas.
Você nunca deixara de ouvir meu ‘por favor, obrigada, perdão e sinto muito’
E a educação não aplicada te fará lembrar; de mim.
Você nunca me vira feliz pela metade, ou triste, sou inteira, toda e tudo, entregue.
E as mudanças de humor dos em sua volta assustarão.
Você nunca me vira esquecer de uma data.
E ser esquecido lhe trará dor.
Você nunca me vira apagar uma conversa.
E ter que repetir a mesma coisa várias vezes, a outros, te cansará.
Você sempre se assustara com as verdades cruas que digo.
E buscará sem fim a sinceridade das pessoas, desistirá.
Você nunca entendera a minha transparência.
Talvez por isso viva em escuridão, tem medo e foge.
Você nunca vai conhecer ninguém assim.
Porque o comum existe, mas o revolucionário de sua vida sempre serei eu.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Para os poucos que sabem do que falo.

A quase toda parte do tempo eu me sinto só.
Não vejo nada ao redor além das sombras que eu costumo alimentar, tão vazias e silenciosas, crescem cada vez mais e eu diminuo perto delas, pequenina, tão pequena, perdida.
Eu fui pela estrada mais larga que encontrei. Ironicamente não é a mais fácil não. Não é. Escute aqui você: ela dói, meus pés sangram agora.... Deixo para trás um rastro de sangue manchando a terra negra na qual piso para o meu fim. Os olhos não conseguem mais enxergar o colorido daqui. O sorriso não vê nenhuma graça. As pessoas só querem ferir e meus pés já estão sangrando. Veja bem, não me dê as mãos, volte, talvez consiga curar seus pés. Talvez um dia eu, acreditando poder, tente voltar, mas os cortes que me infligi aprofundaram-se. O caminho é largo, os que nele estão seguem em frente, possivelmente nunca acordarão: zumbis esperando a Luz corroê-los. Eu sou a única aqui que vê que está tudo errado, a única que sente uma incurável solidão, um grito sufocado. Não me salvo nem os salvarei, então. E meus pés, na tentativa de voltar, já terão derramado tanto sangue que a última gota ficará a metros da saída. E eu não vou conseguir voltar, ali caio. Ali fico. Ali morro. Aqui choro. Não olhe para trás, como ela, por favor, volte.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Retratando uma Cena.. O retorno.

A sua filha esconde você.
Há muito tempo adotou um estilo mais “clean”, “desencana”, e encontra agora na mãe da amiguinha, a imagem do que ela entende que deveria ser uma mãe.
Não aquela que você é. Ela não gosta de chegar em casa e vê-la esquentando a barriga no fogão, preparando jantar. Por que não se preocupa em trocar as panelas por um alicate de unhas? Uma pinça? E nos fins de semana por que não troca o almoço com a família pra ir ao shopping comprar roupas coloridas pra ficar parecida com a Avril, talvez!? Algo com estampa de oncinha, olhos pintados de preto, uma franja no cabelo bem descolada? Ok, um jeans bem apertado e barriga de fora, devem servir. Ela queria mesmo que, quando você tirasse foto, não se preocupasse em abraçá-la e sim em fazer um bico sexy, um olhar de miguxa. Porque quem ela chama de mãe é aquela mãe da amiguinha.... que está bancando a adolescente, saia curta, roupa coladinha, aquela lá de “espírito jovial”, risadas altas e batom vermelho. Cai na real, você só se preocupa em deixar a casa limpa pra ela chegar e encontrar o quarto cheiroso, as roupas lavadas, a comida sempre a postos. Só se preocupa em saber se ela está bem, com quem esteve e o que fez. Vive pra vê-la saudável, correndo pra médicos quando algo parece errado, chora vendo as fotos das duas juntas. E ela muitas vezes se esquece quem é você, o que você fez, faz e ainda fará quando ela insistir em chamar outra de mãe. Ainda assim, esteja lá quando a mãe postiça não souber consolá-la, preocupada com a roupa que vai usar a noite, afague os cabelos e deixe as lágrimas cicatrizarem por dentro, ambos, os corações que um dia bateram como um só.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Todos os dias...

“É, hoje é dia de te ver”, pensei.
Não raro as horas estacionam até chegar o momento exato do teu encontro.
E assim foi. Estacionou o relógio às três da tarde.
E quantas vezes, ao olhar, o vi na casa dos três e alguma coisa.
Mas não importa. Não importa que chegue a hora, e o espaço do teu abraço seguido do teu beijo voe, ou o relógio retome o controle da situação e tudo ande muito rápido.
Chega à noite você vai, eu fico. E tudo pareceu durar apenas alguns minutos. Mas você esteve aqui, e levou um pedaço de mim, trocaremos no nosso próximo espaço de tempo. Deixarás um pouco de mim, levarás um pouco da saudade de você.

Por : JC Castoldi


Peguei um buraco imaginário de dentro da minha alma....
Foi quando cavei o mais fundo que podia e lá depositei TUDO que não queria mais, ou as queria talvez, e por coragem ou a falta dela as deixei em outro paralelo...
Fui jogando esperanças, amores dores e desapegos, um a um, fui arremessando contra esse enorme buraco o que sinto... Toda essa dor que me consome, todo esse desespero desamparado que me tira as energias e me faz tornar-se uma pessoa de semblante triste e alma pesada.
E quando eu estava lá, em plena atividade.... no meu maior furor e torpor..... Cuspindo e escarrando todos os meus sentimentos, dos mais nobres aos mais esdrúxulos, eu vi que no final do buraco havia outro furo e de lá mesmo eu enxerguei que era uma entrada pra outro lugar. Quando me aproximei para poder ver melhor vi que no final de minha alma estava o começo de meu coração....
Então entendi a mensagem mais simples que se pode tirar de uma pessoa.. que o final da alma é o começo do coração. E dele você não pode fugir simplesmente, tem apenas que lutar, incansavelmente... Porque de tudo somos apenas dois... Alma e coração.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Neruda, pra nós.

"... e desde então sou, porque tu és;
e desde então, és, sou e somos, e por amor serei, serás, seremos."

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Neruda.

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para comerçar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo
como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.
Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Rosnando, sabe como é.

Não. Não é apologia a filmes de terror, horror, suspenses ou qualquer coisa aterrorizante.
É raiva. E pra alguma coisa me serve os dedos, uma tela, e alguma alma perdida que por aqui passar: dividir meu dia. O que estou sentindo agora, como diz o dito cujo.
Falo de acordar com vontade de esmurrar a parede só pra ver se abre um canal pro nervosismo sair-lhe do sangue. Sabe? Então bem vindo ao meu dia, hoje, amigo. Bem vindo à vontade enorme de enfiar a cabeça na parede mais rústica que existir, só pra doer. Só pra por pra fora. Porque o meu nível de estresse é aquele, o mais alto, o executivo, dono absoluto dos sinais vitais. Bem vindo à vontade que me foge palavras explicar, de encontrar alguém pra extravasar, e coitado deste alguém. Coitado porque, se o fizer, será porque além de merecer encontrar-me, como quem encontra uma pedra de tropeço, no dia de hoje, eu o escolhi para por pra fora o meu excruciante momento. E é só um momento, que me acomete o dia. Por pra fora. É só vontade, então. E que vontade. É só um momento, e que momento. É o genocídio das idéias e ideais mortos todos de uma vez, porque assim é melhor, mais prático. Desligar qualquer razão aqui dentro pra não enlouquecer, de vez. Dar vazão à ira pra ver se melhora o convívio, com tanta hostilidade, comigo.
Colocando pra fora com atos o que as palavras não sabem fazer, quando eu estou assim. Só um objeto quebrado, só culpar o que aqui, hoje, tropeçar. Só isso pacifica aqui dentro. É raro, pretensioso, real e (in) desejável. Eclipse: demora anos, acontece, logo se vai e poucos param pra notar, como eu paro. É raivaaaaaaaaaaaaaaaaa e não interessa o porquê.
Já me sinto melhor, obrigada por visitar, passar bem.

Não tudo, nem todos, mas muitos.

Não se prenda a isso. A ninguém.
Muitas pessoas são como uma pilha.
Não, pilha não... Descartasse rápido demais.
Algumas são mesmo como baterias.
Prometem ‘vida longa’, mas chega uma hora que “piff” tornam-se inúteis.
Joguemos fora então as baterias, os e as inúteis.
Façamos melhor: joguemos fora não!
Coletores de baterias, invenção do século.
Ajudemos a salvar o planeta.
Depositemos ali nossas baterias, para que ela sirva de consolo a outrem quando este vir a ‘perder’ a sua. Lindo!
O mundo precisa disto, companheirismo, paz, amor, solidariedade. Uma boa ação em forma de reciclagem, mas eu não. eu só quero se for novo. Contribuo ao fim da vida útil, com quem estiver precisando.
Ah... Façamos e ensinemos!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Parodiando Devaneios

Hoje mandei você pro inferno, jurei desafeto e quis voar.
Hoje eu te vesti de terno enterrei no caixão e quis sambar.
Hoje eu cuspi na sua comida, e botei pimenta pra você bufar.
Hoje eu sumi da sua vida, escorreguei na esquina e pus-me a chorar.
Hoje eu bati na sua cara, quebrei a vassoura até você cansar.
Hoje eu cansei dessa vida, e faceira fui vadiar.
Hoje eu pus batom vermelho e fui cantar.
Hoje eu corri do mundo inteiro, pra nunca mais te encontrar.
Hoje eu corri pros teus braços, elogiei teus abraços e pedi pra nunca me deixar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Paixão

Hoje parei para observar fotos, não apenas vê-las.
Redesenhei cada contorno. Re-colori cada céu. Refiz cada cena.
É desconcertante sua magia. Ah sim. Estamos mesmo em rotação. Girando sem cair ou voltar ao mesmo ponto daquele registro. Quadros que deixamos empoeirar, numa esquina do tempo.
‘Pintam’ os indígenas que fotografias prendem nossa alma digo que se não toda, ao menos um pedacinho sim. Pedacinhos que vão se acumulando e aos poucos nossa alma estará ali presa... Até chegar o dia em que sentaremos fatigados pelo peso da idade para resgatá-la. E mesmo que não haja mais memória para lembrar de quão bons foram àqueles dias, registrados em papéis brilhantes ou numa tela, respiramos um pouquinho de nossa alma ali retida, um sorriso marcou momentos, e entre a pele enrugada da face ele brotará novamente. Explica-se aí minha paixão por ela, a foto.
Realeza em tomadas, glamour em lampejos de luz. Mãe e pai das almas e das memórias que insistimos em perder pelo caminho.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Meus Eternos Fragmentos.


Não sou mais eu, eu sei. Tão menina, tão descompromissada. Esta não era eu, agora eu sei. Eu ainda tenho sete anos, envergada carregando meu irmão no colo por toda a casa. Lavando o arroz para por no fogo, dosando o leite para por na mamadeira, enchendo o balde pro pano no chão, empilhando as louças para lavar, esticando os lençóis das camas por arrumar, cuidando da irmã a brincar lá fora. Sempre me preocupando se minha mãe ia chegar e encontrar mesmo tudo arrumado. Eu sou esta aí. Magricela. Dos cabelos escorridos e ainda com os olhos inchados louca pra assistir o “Show da Xuxa”, enquanto meu irmão está no colo segurando sua mamadeira, pronto para dormir, não sem antes lhe trocar a fralda, não sem antes ouvi-lo chorar em protesto contra o sono. Esta era eu, pela manhã. Fiz o almoço, todos comeram e eu engoli. Fui brincar, dar uma olhada nos gatinhos que nasceram por entre as bananeiras, como são nojentos; pensei. A gata roubou o peixe que estava sobre a pia. O gato apareceu com as costas queimadas por água escaldada, os vizinhos os achavam mais nojentos, pude ver com este ato. Memórias. Um ‘quintal’ de terra. Azeitonas, milho, alho, macaxeira, feijão-de-corda, ‘pé de colorau’, mamoeiro, formavam a plantação ao fundo. Ali eu entardecia. Deixei a boneca no pé de azeitonas, e nunca mais a vi, a única. Talvez por isso tenha tanta aversão a bonecas, o trauma foi incalculável. Ela abria e fechava os olhos, oras. Levaram. Mas ficaram as tardes brincando de casinha. A invasão das lagartas, vindas da plantação de fumo a frente de casa, como aquilo fede; quando verde tanto ou pior quanto em forma de cigarro, pegamos tantas, cortamos ao meio, fizemos colônias. Havia mesmo muitas lagartas e cobras. Maldita plantação tão bendita. E o arvoredo, a caixa d’água? Ficávamos ali, feito macacos, o quanto o tempo nos permitisse, no alto, observando as casinhas, todas iguais azuis e rosas, o vendedor das cobiçadas bonequinhas de açúcar-queimado e do outro lado o vendedor das, não tão cobiçadas assim, laranjas descascadas em forma de cobrinha. Havia flores nas árvores, nossos enfeites, buquês. E o tempo era meu e os piores planos, também. Eu gostava de pimentão, gostei mais ainda de uma plantação deles. Toquei um monte de campanhia, descambei a falar palavrão em frente ao cemitério, alguma ‘alma penada’ deve ter escutado, não falo mais, nunca mais falei, nunca mais me atrevi. Fiz meu primeiro amor platônico se esborrachar no chão porque não quis me dar bola. Engoli um monte de remédio porque tinham gosto de bala. Fiz xixi na calça de tanto rir da cara do moleque ao qual dei pimenta dizendo que era fruta. Quem arrancou todas as folhas do pé de maracujá? Quem deu fim à blusa vermelho-sangue porque à odiava? E era bom. Meus irmãos, minha mãe e eu. Costurados nestes meus fragmentos. Donos das lembranças mais simplórias possíveis e as melhores. Nunca esquecidas em algum lugar no passado, em Arapiraca-AL.
Assim cresci, assim sou. Magricela, aos sete anos, cuidando de casa, adubando a vida.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ofício.

Não agüento mais isto aqui.
Vozes o dia inteiro. Desespero.
Gente mal educada, cobras devorando uns aos outros.
Entra um, saiu outro e nenhum dos dois sai imune a escarros.
Minha cabeça agora explode, dói, meu cérebro se divide e se perde.
Não se encontra, não volta a si. Dói o corpo, sobrecarga mental.
Sinto-me tão presa. Não falam, gritam. Ferem meus ouvidos.
Não há individualidade. Morreu qualquer respeito. Alguém viu a consideração pulando a janela? Segure-na por mim.
O almoço, engolido em cinco minutos, assola as paredes do estômago.
Todos os minutos voltados à tela, não passam. O teclado atrofia meus músculos.
Todas as vozes ouvidas, não me deixam falar.
Ninguém faz mais que eu aqui, ninguém.
E ainda assim, supõem que podem sozinhos.
Ledo engano, não há outro que consiga, que suporte, que faça melhor.
Que não morra sufocado, aqui.

Escuta.

Meu amigo, vem cá.
Senta ao meu lado, me ouve: por que não mudar?
Free, fique livre das correntes as quais se prende por costume, medo e necessidade mal suprida.
Voa longe, meu caro. Suas asas estão machucando, cresceram demais nestes tantos anos, na gaiola.
Vá. Respira o teu ar. Ninguém chorará eternamente a sua ausência viva, agora livre.
Ninguém que realmente admire a tua beleza, que nada mais é que a tua alma.
Vivas como quer, sem grilhões, sem fardos agregados a carregar. Sem vidas pra sugar... as liberte. Tira toda a poeira, as traças que te consomem.
Dedica-se ao que te apetece, olha pra onde quiser.
Tenha todo tempo. Tenha toda petulância que puder. Estás livre. Voa.
Vem cá, dê-me o braço, eu te ajudo a levantar.
Eu sempre ajudarei. Eu sempre vou ajudar.
Mas.... escuta-me.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Já Eu: Se não chuto, Passo em cima.


“...O distraído nela tropeçou...O bruto a usou como projétil.O empreendedor, usando-a, construiu.O camponês, cansado da vida, dela fez assento.Para meninos, foi brinquedo.Drummond a poetizou.Já David matou Golias, e, Michelângelo extraiu-lhe a mais bela escultura...” - - - - - - - - - Desconhecido.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Por que será que não entendo?


- Preciso de umas coisas novas, Vuitton, Prada, Dior, Chanel, em último caso, Daslu.
Qualquer coisa que me faça sair deste tédio de olhar as mesmas peças roupas, acessórios, os mesmos perfumes, por Deus. Tudo ultrapassado! Você me entende né amiga? Só você me entende! Deus sabe o quanto é injusto não gastar míseros dois mil e quinhentos dólares numa bolsa, em L I Q U I D A Ç Ã O! Viu só? Até você não se conforma, você passa aqui ou eu vou te buscar? Ok, combinado chego em menos de meia hora. (freneticamente) esteja pronta. Um beijo, minha best.”

..... horas depois

“Sinto-me como se tivesse tirado um peso das costas. Quer ir ao cinema? Ah, que besteira! Tem uma tv de 42’ que acabei de ganhar de presente de papai, vamos dar uma volta pra ver se encontramos um destes que ficam nas esquinas vendendo DVD pirata? Se tiver algum lançamento legal à gente compra, baratinho. Tem uns que vendem até 3 por R$ 10,00. O que você achou do Vuitton, achei a coleção passada mais interessante...”

Vale.

Se vale a pena?
Claro que vale, vale muito a pena viver.
Ainda que seu futuro pareça incerto, que o lar não seja doce, que os amigos não estejam reunidos, vale.
Vale a pena à recordação da infância. As memórias. Os ‘in memorian’.
Ver cores, jardins. Pássaros, horizontes. Respirar.
É lei: a solidão que chega, também se vai. A lágrima que um dia molha, no outro seca.
É estranho, pra dizer o mínimo, ontem lia sobre pessoas que acham que não vale.
É certo que pessoas inteligentes têm mais visões do mundo, como disse um amigo meu:
“O problema todo é que eles só enxergam além deles: sofrimento, dor e outras coisas que na verdade não são deles, são do mundo. Não superam problemas. E sim os guardam.”
Há fraqueza. Não há força de vontade, não há força alguma. Diria até que nada enxergam além da própria dor. Egoísmo. E pra eles só há dor. Não há sorrisos, só eles sofrem, só eles tem problemas. Errôneo. Por todos os ângulos vêem-se problemas. E por ângulos maiores ainda, vêem-se soluções. E não é? “quando tudo está perdido, sempre existe um caminho, sempre existe uma luz..” mesmo lá, no fundo do poço, mesmo que você tenha cavado o mais fundo que conseguiu, há luz. Porque penso eu: onde há luz a escuridão é mais profunda, mas qual prevalece?
Eu sei. Todos sabem. Um pontinho iluminado numa vasta escuridão chama mais atenção que ela como um todo. E é a ele que recorremos. Pequenino, mas poderoso.
Que cresce quando acolhido, que ilumina muito mais quando alimentado. Que revela pessoas incríveis, que alcança lugares inimagináveis. Quando decidimos ver além das dores, olhar o mundo com o lado colorido da retina, tudo muda. O mundo é imenso, não da pra guardar para si todos os seus encantos, não dá pra resgatar a dor de todos e enterrá-la com você. Resta viver, até a cabecinha cobrir-se de branco. E poder responder a uma simples pergunta de um de seus netinhos “vovó(ô), valeu a pena?” e ouvir:
“Eu trabalhei na roça, tive bar, cuidei do meu pai morrendo e da minha mãe, depois todos os meus irmãos e só sobrou eu. Mas conheci vocês (os netos), fiz viagens e conheci muita coisa... então valeu a pena sim” assim diz Dona Maria Aparecida, umas destas pessoas, de cabelinhos brancos, precisamente 92 anos.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Que artes, mesmo?

Acredite-me vi cada minucioso olhar. À medida que os goles percorriam a garganta pousando ardentes no estômago, os olhos brincavam mirabolantemente.
Via-se a mim, mas eu não estava lá. Não sabia se te via, ou se via a mim. E eu sorria.
Ainda prefiro sorrir. Abaixar a cabeça como quem quer evitar rir ‘na cara’ e rir, rir e rir. É gratificante.
Acho divertidíssimo o que uns goles a mais não causam. Uns acham que vêem Deus, observam, mesmo, o diabo. Outros distorcem tanto os fatos que criam seu próprio conto de fadas, casam e tem filhos numa única noite, sobrando no outro dia a dor da ressaca. Hilário. E há ainda os que estão tão convictos de suas encenações, a um público embriagado, que externam a quem quiser rir. Falam, pensam alto e até mesmo escrevem, vítimas de gargalhadas eu diria. Sim, muito hilário. Absinto, meus preciosos, na maioria das vezes o que tomam, é absinto. Dose pra cavalo se consolar. Dose de consolo àqueles que procuram na platéia, um ombro bêbado, aparetemente só, desconsolado, afinal ambos necessitam atenção.
E entorpecer-se com as próprias mentiras (embriagando-se ou não), para se consolar, é saber que é semelhante aos goles ingeridos: uma ardência, uma sensação de que se quer mais, acordar e ver o que tem a frente, enojar-se, ter ressaca e dias depois esquecer. Prometer nunca mais fazer de novo e, logo, logo, molhar outros lábios procurando aceitação. Eu estou sóbria, observando as artes cênicas e achando muita graça, dos que bebem e dos que se aproveitam.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Você, só.

Eu não sei se é pena, ou admiração. Eu já teria desistido disso, no seu lugar.
Ao fundo talvez seja uma eterna mágoa pela responsabilidade que tenho nas tuas quedas.
Pouco importa. Hoje estou mesmo é com pena.
Quantos fins e foras teriam, visto e levado, você?
A incompreensão é nítida.
Tens, aparentemente, piadas e frases tão bem colocadas e direcionadas (aparentemente).
O círculo de amigos. As risadas e muitas emoções, juntos.
Tens lá o seu sucesso. Algo na cara que chama atenção, mesmo sem investir muito na beleza que, neste caso, nada parece valer.
Com inúmeros motivos pra ficarem: acompanho tantos chegarem e em dias, não semanas, dias, irem.
Ainda vítima de minhas dores? Então tenho mais poder do que imaginado.
Quem sabe as tuas filosofias mal explicadas?
Ou seriam os vícios (não cabíveis a ninguém o julgamento) não fosse o incomodam em massa que causam.
Não. Acho que nem meus praguejos, nem eles.
É você. Superioridade demais. Determinação demais. Vitórias demais. Fortaleza demais.
Sem necessidade de uma mão, um colo. Não há entrega, nem sentimento. É tudo forçosamente mal maquiado. Não engana ninguém, nem sequer você.
As sobras: uma imagem refletida no espelho de mais uma derrota, no campo mais delicado.
Seu coração. Ainda pulsa?
Não é deboche.
Não julgue tão rude assim este meu humor, com ácido temperado.
O vazio pareceria menor, exija menos, faça mais. Mabe. Talvez...
I’m so.... sorry. Apenas por hoje, eu sinto muito.