sexta-feira, 24 de julho de 2009

Deixe que Doa.

E se dói?
Deixe que doa.
Logo cicatriza.
As mágoas aqui ganharam nome, algumas, sobrenomes para se diferenciarem.
Aqui a solidão sempre fez morada. Vai e volta sem ser chamada.
Aqui os amigos são poucos. Se é que há.
Aqui eu abro meu peito e empresto meu coração pro seu bater.
Eu morro, eu mato para deixar você viver. E caio no seu esquecimento, me esfolo por completo no seu descaso.
Deixe que doa.
Logo cicatriza.
Aqui as lágrimas caem, caem e secam sem amparo.
Aqui eu chego com o lenço e com o sorriso antes das suas rolarem, sequer chegam a marcar a face.
Não sei fazer amigos. Dom nunca a mim agraciado.
Não sei fazer amigos, e ando sem vida... Doei-a: está com outras pessoas, emprestada. Nunca me conheceram. Nunca souberam, nunca entenderam. Apego-me com todos os dedos e lá vai mais um escapando pelas mãos já calejadas.
Deixe que doa.
Logo cicatriza.
Ando atrás da reciprocidade como um sedento no deserto.
Os pés já cansaram, rachados.
Deixe que doa.
Logo cicatriza.
Não fique mais aqui.
Não quero que veja mais uma lágrima secando e manchando o meu rosto por inteiro.
Se você não tem lenço, vá embora.
Por favor, me ensine a não esperar nada de ninguém.
Vá embora.