sexta-feira, 28 de dezembro de 2007


Pêlos. Pele. Veias. Sob-Pele. Carne. Carne. Sangue. Vermelhidão em sangue. Ossos. ‘Branquidão’ manchada em ossos. Ligaduras. Unindo o que está solto. Construindo um amontoado. Ar. Pedaços. Fôlego. Pedaços. Diferentes pedaços. Água. Por todos os canais, água.
Dê-me forma. Dê-me vida. Dê-me preenchimento. Dê-me sentimentos, faz-me sentir emoções. Costura-o nas carnes. Tingi o sangue, dê-me amor. Fortalece os ossos. Una pedaços, dê-me amor. Dê-me forma. Aspiro-o, respiro-o. Dá-me. Mais. E que ele purifique, nunca evapore. Límpido se eternize. ---------- Michelle.

Mary Jane


Atada.
Atada.
Prendo-me a você como quem se prende a vida. Porque eu não gosto de você.
Sofro com os teus anseios, choro com os possíveis insucessos, e falta-me o ar de rir quando eles lhe acometem. Eu, não gosto de você.
Lembro de todos os simples detalhes do dia em que você surgiu, devastando-me. Minto. Você não pôde. Eu não deixei, porque eu não gostei de você.
Seu jeito me causa risos, sua face é infinitamente estranha, seu gênio, como um todo, é oferecido, imoral, ilegal, tresloucado, incapaz, incorreto. Perde-se nos teus medos infantis, és infinitamente uma boneca de louça barata, feia e mal feita. Teus argumentos para o sucesso, nada lhe são úteis para preencher seu coração. Que seca. Eu o seco como quem tem sede no deserto, não há paz, mesmo que você nunca participe de minha guerra.
Sua escrita e empatia me enojam, seu jeito de cativar almas.
Vasculho sua vida, viro-a do avesso sempre que meu ódio espuma. Nunca hei de gostar de você.
Você rouba minha paz, e quanto mais observo ainda assim quero, não gostar de você.
Vá. Vire-se, mude a rota. Não fale, não coma, não respire, não beba, não suspire nada que faça lembrar-me você. Desvie seu rumo, nunca me encontre, nunca esteja lá. Nunca te vi, sempre te odiei. Não há som na tua voz que nunca ouvi, nem ouvirei. Não. Não há você. Não há face, bonequinha mal feita. Indolente. Incapaz. Eternamente insatisfeita. Meu presente pra você.---------- Michelle.