domingo, 10 de fevereiro de 2008

Que artes, mesmo?

Acredite-me vi cada minucioso olhar. À medida que os goles percorriam a garganta pousando ardentes no estômago, os olhos brincavam mirabolantemente.
Via-se a mim, mas eu não estava lá. Não sabia se te via, ou se via a mim. E eu sorria.
Ainda prefiro sorrir. Abaixar a cabeça como quem quer evitar rir ‘na cara’ e rir, rir e rir. É gratificante.
Acho divertidíssimo o que uns goles a mais não causam. Uns acham que vêem Deus, observam, mesmo, o diabo. Outros distorcem tanto os fatos que criam seu próprio conto de fadas, casam e tem filhos numa única noite, sobrando no outro dia a dor da ressaca. Hilário. E há ainda os que estão tão convictos de suas encenações, a um público embriagado, que externam a quem quiser rir. Falam, pensam alto e até mesmo escrevem, vítimas de gargalhadas eu diria. Sim, muito hilário. Absinto, meus preciosos, na maioria das vezes o que tomam, é absinto. Dose pra cavalo se consolar. Dose de consolo àqueles que procuram na platéia, um ombro bêbado, aparetemente só, desconsolado, afinal ambos necessitam atenção.
E entorpecer-se com as próprias mentiras (embriagando-se ou não), para se consolar, é saber que é semelhante aos goles ingeridos: uma ardência, uma sensação de que se quer mais, acordar e ver o que tem a frente, enojar-se, ter ressaca e dias depois esquecer. Prometer nunca mais fazer de novo e, logo, logo, molhar outros lábios procurando aceitação. Eu estou sóbria, observando as artes cênicas e achando muita graça, dos que bebem e dos que se aproveitam.