quinta-feira, 27 de março de 2008

Peculiarmente. (sim boa parte do texto está no modo PASSADO)


Você nunca me ouvira falar palavrões.
Decorrido tanto tempo nunca se acostumará com alguém que fale.
Você nunca me vira embriagada.
E até as risadas embaladas pelo álcool causarão repulsa.
Você nunca me vira aceitar o mundo como ele é.
E o que as pessoas farão em nome do ‘normal’ inquietará seus olhos.
Você nunca me vira esconder o que sinto.
E a falsidade das pessoas te causará saudades, minhas.
Você nunca deixara de ouvir meu ‘por favor, obrigada, perdão e sinto muito’
E a educação não aplicada te fará lembrar; de mim.
Você nunca me vira feliz pela metade, ou triste, sou inteira, toda e tudo, entregue.
E as mudanças de humor dos em sua volta assustarão.
Você nunca me vira esquecer de uma data.
E ser esquecido lhe trará dor.
Você nunca me vira apagar uma conversa.
E ter que repetir a mesma coisa várias vezes, a outros, te cansará.
Você sempre se assustara com as verdades cruas que digo.
E buscará sem fim a sinceridade das pessoas, desistirá.
Você nunca entendera a minha transparência.
Talvez por isso viva em escuridão, tem medo e foge.
Você nunca vai conhecer ninguém assim.
Porque o comum existe, mas o revolucionário de sua vida sempre serei eu.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Para os poucos que sabem do que falo.

A quase toda parte do tempo eu me sinto só.
Não vejo nada ao redor além das sombras que eu costumo alimentar, tão vazias e silenciosas, crescem cada vez mais e eu diminuo perto delas, pequenina, tão pequena, perdida.
Eu fui pela estrada mais larga que encontrei. Ironicamente não é a mais fácil não. Não é. Escute aqui você: ela dói, meus pés sangram agora.... Deixo para trás um rastro de sangue manchando a terra negra na qual piso para o meu fim. Os olhos não conseguem mais enxergar o colorido daqui. O sorriso não vê nenhuma graça. As pessoas só querem ferir e meus pés já estão sangrando. Veja bem, não me dê as mãos, volte, talvez consiga curar seus pés. Talvez um dia eu, acreditando poder, tente voltar, mas os cortes que me infligi aprofundaram-se. O caminho é largo, os que nele estão seguem em frente, possivelmente nunca acordarão: zumbis esperando a Luz corroê-los. Eu sou a única aqui que vê que está tudo errado, a única que sente uma incurável solidão, um grito sufocado. Não me salvo nem os salvarei, então. E meus pés, na tentativa de voltar, já terão derramado tanto sangue que a última gota ficará a metros da saída. E eu não vou conseguir voltar, ali caio. Ali fico. Ali morro. Aqui choro. Não olhe para trás, como ela, por favor, volte.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Retratando uma Cena.. O retorno.

A sua filha esconde você.
Há muito tempo adotou um estilo mais “clean”, “desencana”, e encontra agora na mãe da amiguinha, a imagem do que ela entende que deveria ser uma mãe.
Não aquela que você é. Ela não gosta de chegar em casa e vê-la esquentando a barriga no fogão, preparando jantar. Por que não se preocupa em trocar as panelas por um alicate de unhas? Uma pinça? E nos fins de semana por que não troca o almoço com a família pra ir ao shopping comprar roupas coloridas pra ficar parecida com a Avril, talvez!? Algo com estampa de oncinha, olhos pintados de preto, uma franja no cabelo bem descolada? Ok, um jeans bem apertado e barriga de fora, devem servir. Ela queria mesmo que, quando você tirasse foto, não se preocupasse em abraçá-la e sim em fazer um bico sexy, um olhar de miguxa. Porque quem ela chama de mãe é aquela mãe da amiguinha.... que está bancando a adolescente, saia curta, roupa coladinha, aquela lá de “espírito jovial”, risadas altas e batom vermelho. Cai na real, você só se preocupa em deixar a casa limpa pra ela chegar e encontrar o quarto cheiroso, as roupas lavadas, a comida sempre a postos. Só se preocupa em saber se ela está bem, com quem esteve e o que fez. Vive pra vê-la saudável, correndo pra médicos quando algo parece errado, chora vendo as fotos das duas juntas. E ela muitas vezes se esquece quem é você, o que você fez, faz e ainda fará quando ela insistir em chamar outra de mãe. Ainda assim, esteja lá quando a mãe postiça não souber consolá-la, preocupada com a roupa que vai usar a noite, afague os cabelos e deixe as lágrimas cicatrizarem por dentro, ambos, os corações que um dia bateram como um só.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Todos os dias...

“É, hoje é dia de te ver”, pensei.
Não raro as horas estacionam até chegar o momento exato do teu encontro.
E assim foi. Estacionou o relógio às três da tarde.
E quantas vezes, ao olhar, o vi na casa dos três e alguma coisa.
Mas não importa. Não importa que chegue a hora, e o espaço do teu abraço seguido do teu beijo voe, ou o relógio retome o controle da situação e tudo ande muito rápido.
Chega à noite você vai, eu fico. E tudo pareceu durar apenas alguns minutos. Mas você esteve aqui, e levou um pedaço de mim, trocaremos no nosso próximo espaço de tempo. Deixarás um pouco de mim, levarás um pouco da saudade de você.

Por : JC Castoldi


Peguei um buraco imaginário de dentro da minha alma....
Foi quando cavei o mais fundo que podia e lá depositei TUDO que não queria mais, ou as queria talvez, e por coragem ou a falta dela as deixei em outro paralelo...
Fui jogando esperanças, amores dores e desapegos, um a um, fui arremessando contra esse enorme buraco o que sinto... Toda essa dor que me consome, todo esse desespero desamparado que me tira as energias e me faz tornar-se uma pessoa de semblante triste e alma pesada.
E quando eu estava lá, em plena atividade.... no meu maior furor e torpor..... Cuspindo e escarrando todos os meus sentimentos, dos mais nobres aos mais esdrúxulos, eu vi que no final do buraco havia outro furo e de lá mesmo eu enxerguei que era uma entrada pra outro lugar. Quando me aproximei para poder ver melhor vi que no final de minha alma estava o começo de meu coração....
Então entendi a mensagem mais simples que se pode tirar de uma pessoa.. que o final da alma é o começo do coração. E dele você não pode fugir simplesmente, tem apenas que lutar, incansavelmente... Porque de tudo somos apenas dois... Alma e coração.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Neruda, pra nós.

"... e desde então sou, porque tu és;
e desde então, és, sou e somos, e por amor serei, serás, seremos."