segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Desengasga!

Eu envelheci.


Observei as fotos antigas e não dá pra numerar quantas vezes eu suspirei.

Menina.

No corpo, no rosto, nas atitudes, nas palavras.

Envelheci.

Vi os um olhar penetrar minha espinha sob o som abafado de músicas das quais já não recordo agora; de quem eu falava?

Ah sim, falava de alguém que não tem um pingo de moral pra apontar o dedo na cara de ninguém.

Mas eu falava mal e eu já disse tudo isso pra ela.

Que seja.

Então assim demos as mãos: você que me repreendeu com olhar e não soube usar a voz, aquela pessoa de quem falava por ser como é e eu, por não conseguir esconder minha revolta.

Todas sujas. Pessoas sujas.

Eu envelheci e achei algumas rugas. Seriam elas meus desprazeres a encarar-me de frente?

Então eu vim aqui pra falar a verdade. Não me agrada a mentira, não tolero falsidade.

Então, desengasga!! Não olha não!

Desengasga!

Não cutuca não!

Desengasga!

E isso NUNCA será criar conflitos, é só o princípio dos nós desatados, o primeiro é o da sua garganta.

Cospe.

Mostra pra mim que cor tem aí por dentro.

Que vergonha.

Meninas más, estas choram.

Eu apenas grito.

sexta-feira, 30 de abril de 2010


Juntou as mãos, fechou os olhos e mexeu os lábios, sem som.
Como se suportasse uma dor maior: ajoelhou.
E continuou baixinho.
Os olhos apertaram-se.
O coração acelerou.
O suspiro demorou passar, mas levou um pouco da dor embora.
Ele estava ali, ouvindo a voz que não sai. Entendo cada silaba dos lábios trêmulos.
Sentiu-se abraçada, e foi.
Miríades de anjos estavam ali, ministrando-a.
Os olhos turvos pelo desespero não os viram antes.
O coral de vozes entoando as mais lindas palavras.
Os olhos Dele a cuidar de tanta fragilidade.
Juntou as mãos em sinal de oração.
Juntou as mãos e pediu a Deus conforto.
Juntou as mãos e conversou baixinho.
Juntou as mãos e sorriu em silencio.
Pra você.
Por que?
Porque Deus me ouve mesmo quando não sai som.
E Ele tem muitos anjos aqui me ministrando.
Veste sua asa. Deixe esta luz brilhar cada vez mais.
Brigada pela prece, por juntar as mãos por mim, por fazer parte de um coral das mais lindas palavras.
Eu me sinto abraçada por Ele.
Obrigada por me fazer enxergar, juntar as mãos e ouvir.

terça-feira, 20 de abril de 2010

?


As pessoas me incomodam depois de certo tempo.
É estranho não conseguir me aprofundar a ponto de sentir que preciso delas.
Preciso?
É tão difícil ver, fechar meus olhos e não enxergar igual.
Eis o meu título, eis o meu convite.
Tente.
Venha sentir, me faça entender-me...
Por que as feridas nunca se fecham?
Por que esta melancolia insiste em voltar?
Preciso? Será esta a resposta do preciso sem querer precisar?
E agora o que me resta além destes lamentos é ver como o mundo vai andando, sem mim.
É ver como as pessoas sorriem fácil na minha ausência.
É ver que aqui não há nada de importante para se lembrar.
É ver minha mente me castigando com um açoite que apenas caleja mais, não dói.
E eu tenho tantas portas aqui dentro que não sei mais qual mostrará o caminho para eu mesma.
E está tudo quebrado. E eu sempre me sinto sozinha.
E tentar mudar isso talvez cave mais este buraco.
E tudo acaba e começa de novo.
Olhe no meu rosto, qual caminho você enxerga?
Já vi este silencio em sua face.
E eu sinto tudo isso, tudo esta quebrando e gritando aqui dentro.
Eu queria que você entendesse como eu me sinto nesta estrada.
Eu queria suas mãos.
Eu queria sentir falta disso que eu nunca obtive.
Eu estou quebrando. Eu estou sentindo. Eu estou quebrando agora.
E ninguém sentirá nada igual.
Incomodam-me depois de certo tempo.
E toda vez que aqui escrevo sopro pra longe todo o peso.
Por favor, não me esqueça.
Não era isso que eu queria dizer.
Mas eu já disse. E é tão estranho, assim quero todos aqui.
É meu sacrifício. É a minha veia pulsando. São seus olhos de espanto.
E eu gosto disso. Me desculpe, mas eu gosto disso. Eu estou sorrindo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010


O som brotou no fundo da sala.....
Olá?
Você está ouvindo os clamores da minha alma?
De novo.
E quando todos vão embora ela chora.
Olá?
Eu e minha mente.... não há mais saídas.
Olá?
Eu peguei o barco, eu fui atrás da correnteza.
Mas o meu sorriso não é igual o deles, acredite.
Aqui os olhos não sabem enxergar as mesmas cores ao lado.
Não quebre meu coração.
Eu achei que isso era sincero e meu sorriso foi quebrado.
Olá?
Eu não sei mentir para viver.
Não a faça chorar.
Eu não quero acordar sozinha.
Eu não quero dormir sozinha.
Olá?
E estou aqui pedindo que me ajude hoje. Aqui.
Onde estão meus amigos?
Eu não quero chorar.
Não me faça chorar.
Eu não sei falar àquelas coisas que te fazem rir.
Não hoje.
Olá?
Você sabe que eu sou assim.
Isso dói tanto!
Eu não quero dormir, eu não quero mais acordar.

Eu queria camuflar tudo isso, levantar a cabeça e fingir que não vejo.

Mas eu não sou tão legal, nem pra isso.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Livrai-me


Não mereço, necessariamente, o perdão de ninguém. ~
Não há nada o que ser perdoado.
O que foi dito, dito está.
O que foi visto, aconteceu.
E isso ainda é uma prece.

Livrai de mim; igualar-me de novo a gargantas que vomitam.
Livrai de mim; pregar peça e achar que não foi por mal.
Livrai de mim, ser amiga de todos sem realmente conhecê-los.
Livrai de mim; ser imparcial a ponto de não perceber quem é a vítima.
Livrai de mim os laços que me imponho.
Livrai de mim a face escura no espelho.

Entenda:

É difícil explicar quando você se iguala.
Não é fácil dizer sem obter resposta.
É impossível não sofrer causando sofrimento.
Fibras de aço cobertas por vidro enferrujam.
É difícil explicar quando você se mistura na mesma terra, não dá para econtrar todos os meus cacos.

Estrutura-me.
Ventania de palavras num parapeito de silêncio.
Rodopia um ‘eu’, urra-se um ‘você’.
Caem todos na calmaria da madrugada.
O sol brilha cego e emudece, mais uma vez silenciamos nossas vozes.
E cá estamos na tempestade.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Expira



Inspiro.
Expira-me.
Voam pela janela aquelas palavras que queria te explicar.
Sobre o hoje. Não o hoje não é triste e também não irradia sorrisos. Queria falar apenas sobre o vazio deste hoje. Oco. Sobre os sentimento que também saltaram por esta mesma janela. Todos de mãos dadas me abandonaram hoje.
Estou vazia para começar a encher-me de novo: de emoções, de coisas; de inspiração!
E assim vou levando meus disfarces. E como me encanta esvaziar-me!
Inspira-me vida, me ensina novamente os primeiros passos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desperta!


Não, não é assim que se faz.

Não querem roubar-lhe o brilho dos olhos, querem apenas te mostrar o quanto são bonitos.

Não querem teu rouxinol na janela, a rosa ele já escolheu faz tempo e só canta ao teu lado.

Não diga que está tudo errado, comece a rever os passos.

Não acelere o tempo, as marcas um dia virão, não precisa persegui-las.

Não ame menos quem ama mais, assim a balança pouco agüenta, caem os dois e cada um seguirá seu passo sem voltar atrás.

Não grite e fique com raiva, o que você fez pra ser diferente?

Não chore. Não assim.

Não é assim que se faz.

Não. Ciúmes não. As tuas coisas são tuas, os devaneios também, as feridas assim não curam.

Não sorria assim. Ironia não.

Não é assim que se faz.

Consiga ser quem nunca foi: melhor que ontem.

Continue sorrindo, continue fazendo sorrir.

Pois assim, é assim que se faz.