sexta-feira, 21 de março de 2008

Para os poucos que sabem do que falo.

A quase toda parte do tempo eu me sinto só.
Não vejo nada ao redor além das sombras que eu costumo alimentar, tão vazias e silenciosas, crescem cada vez mais e eu diminuo perto delas, pequenina, tão pequena, perdida.
Eu fui pela estrada mais larga que encontrei. Ironicamente não é a mais fácil não. Não é. Escute aqui você: ela dói, meus pés sangram agora.... Deixo para trás um rastro de sangue manchando a terra negra na qual piso para o meu fim. Os olhos não conseguem mais enxergar o colorido daqui. O sorriso não vê nenhuma graça. As pessoas só querem ferir e meus pés já estão sangrando. Veja bem, não me dê as mãos, volte, talvez consiga curar seus pés. Talvez um dia eu, acreditando poder, tente voltar, mas os cortes que me infligi aprofundaram-se. O caminho é largo, os que nele estão seguem em frente, possivelmente nunca acordarão: zumbis esperando a Luz corroê-los. Eu sou a única aqui que vê que está tudo errado, a única que sente uma incurável solidão, um grito sufocado. Não me salvo nem os salvarei, então. E meus pés, na tentativa de voltar, já terão derramado tanto sangue que a última gota ficará a metros da saída. E eu não vou conseguir voltar, ali caio. Ali fico. Ali morro. Aqui choro. Não olhe para trás, como ela, por favor, volte.