quinta-feira, 20 de março de 2008

Retratando uma Cena.. O retorno.

A sua filha esconde você.
Há muito tempo adotou um estilo mais “clean”, “desencana”, e encontra agora na mãe da amiguinha, a imagem do que ela entende que deveria ser uma mãe.
Não aquela que você é. Ela não gosta de chegar em casa e vê-la esquentando a barriga no fogão, preparando jantar. Por que não se preocupa em trocar as panelas por um alicate de unhas? Uma pinça? E nos fins de semana por que não troca o almoço com a família pra ir ao shopping comprar roupas coloridas pra ficar parecida com a Avril, talvez!? Algo com estampa de oncinha, olhos pintados de preto, uma franja no cabelo bem descolada? Ok, um jeans bem apertado e barriga de fora, devem servir. Ela queria mesmo que, quando você tirasse foto, não se preocupasse em abraçá-la e sim em fazer um bico sexy, um olhar de miguxa. Porque quem ela chama de mãe é aquela mãe da amiguinha.... que está bancando a adolescente, saia curta, roupa coladinha, aquela lá de “espírito jovial”, risadas altas e batom vermelho. Cai na real, você só se preocupa em deixar a casa limpa pra ela chegar e encontrar o quarto cheiroso, as roupas lavadas, a comida sempre a postos. Só se preocupa em saber se ela está bem, com quem esteve e o que fez. Vive pra vê-la saudável, correndo pra médicos quando algo parece errado, chora vendo as fotos das duas juntas. E ela muitas vezes se esquece quem é você, o que você fez, faz e ainda fará quando ela insistir em chamar outra de mãe. Ainda assim, esteja lá quando a mãe postiça não souber consolá-la, preocupada com a roupa que vai usar a noite, afague os cabelos e deixe as lágrimas cicatrizarem por dentro, ambos, os corações que um dia bateram como um só.