terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Fica.

Eu não gosto de ir. Dói o peito, a alma enche-se de você que parece não caber mais, mas cabe. Teu olhar penetra tão fundo nos meus como uma lança das mais afiadas... Pede que fique, quero ficar. Passa dentro dele as imagens dos lábios sorrindo, das vozes cumprimentando-se calorosamente, do pulsar descompassado dos corações avisados pelas imagens tão esperadas refletidas na retina, da tomada das mãos afoitas, do abraço dos corpos, demorado. Passou um filme no teu olhar, que me prendeu, não queria deixar-me ir. E eu não queria ir. Escorregou pelo teu rosto um beijo que queria ficar. Meus braços chamaram os teus pedindo pra que dali, não saísse. Meus olhos se fecharam pra que a lágrima da saudade fosse um pouco mais adiada, procurando não aliciar os teus. O corpo perdia calor, como que jogado a uma temperatura só, fria. Meus sentidos confundiam-se se perdendo dos teus, fico. A voz já sabia o que fazer, manteve-se firme querendo não ser. Disse o que tinha de dizer, mas não o que queria.
A vencedora, a mente. Coordenando aqueles, aconselhando estes, fortalecendo outros, aqui dentro. Exausta, não sabe mais quantas vezes venceu. O quanto já liderou a espera, a ida sempre que te vejo, sempre que tenho que voltar e esperar um novo raiar e o momento exato deste ciclo recomeçar. ----------Michelle.