quarta-feira, 9 de abril de 2008

Real.

Me pasma a fragilidade do ser humano, leia-se: vida.
Recebi a poucos minutos deste escrito um ex-funcionário, que adentrou minha sala, levado pelos braços. Antes de pensar em perguntar, ensinei meus olhos a observarem. E vi: ele emagreceu quilos e não foram poucos. O motivo dos braços que o levavam: está perdendo a visão. Não conseguiu enxergar a linha para a assinatura, que saiu ‘voando’, no papel. Está perdendo os movimentos. Não foi doença nem acidente, foi outra vida. Um desentendimento. Frágeis, ambas, as vidas. Uma vida por não conseguir equilíbrio suficiente para perdoar ou resolver um impasse. Outra por ser carne, mortal, passível de ser penetrada no ponto mais frágil do corpo, por uma bala.
A primeira, sumiu, fugiu, frágil. A outra depende agora de outros que a carregue para hospitais, filas, outros aglomerados de vidas frágeis.
Eu, enquanto vida frágil: escrevo e me parto em lágrimas.
Fico aqui com os olhos secos mas inchados, frágeis. Eu sou frágil.

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