quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Uma Saudade,

E todas as lágrimas, que possamos chorar num espaço de tempo em que um dia chuvoso torna-se ainda mais escuro, não seriam suficientes para mostrar a dor. São escassas para arrancar a profunda incompreensão que no seu âmago, se instala.
O carro, outrora objeto de orgulho de suor de páginas do diário, agora disforme.
A chuva que caía cega ao rosto molhado no chão.
As sirenes, as viaturas. A pista molhada.
O sangue embotou-lhe os dentes.
Nada foi capaz de trazê-la de volta.
Ela se foi.
Doía a voz do outro lado da linha, fora de si.
Doía ainda mais não saber o que falar, dói sem medidas.
Espere. Por que detalhar? Ah sim, porque, meu amigo, isso vive.
Console-se: você não precisa ler, se não quiser.
Mas isso, vive. É preciso por um pouco pra fora.
Por que mostrar? Claro, porque não é um segredo.
Simples assim.
Fatos de um fim de tarde, chuvoso.
Os traços não ficaram intactos, cortes na face já limpa. Fria, tão fria. Gélida. Uma pedra de gelo.
O sol em contradição nasceu mais brilhante que de costume, pela manhã. Ela veio de branco. Não havia sorriso em sua face. Não havia expressão de alívio, de um lugar melhor. Não, não venham com esta de que estava na hora.
Porque não estava, demagogias.
Havia ali uma expressão de quem lutou o tempo todo e perdeu.
( ). Falaria de fragmentos da vida, mas falo da morte. Porque é muito fácil expor o que se respira.
Complicado mesmo é sentir o fôlego escapar-lhe, e deixar-lhe totalmente. E saber exatamente onde e porque, dói.
Ou não é?
Eis aí. Foi muito difícil. ---------- Michelle.

Um comentário:

Unknown disse...

Amor, pode ter certeza que ela está torcendo para que vc consiga várias vitórias em sua vida. Sabe, é alguem que eu gostaria de ter conhecido,tamanho ocarinho com que vc fala dela.